Arte Brasileira de Quem?

Arte Brasileira de Quem?*

Na Copa as ruas ficam cheias de verde-e-amarelo e o brasileiro orgulha-se de sua nacionalidade. Futebol, dizem, é coisa nossa e o estilo do Brasil é ainda distinto. Em artigo recente neste caderno, Arthur Dapieve citava a importância que geralmente é dada no meio cultural à nacionalidade de uma obra ou autor, para então comentar como no esporte é nostálgica a noção de um estilo nacional de jogar. Uma vez que nos anos 1980 a globalização internacionalizou o mercado de trabalho e os times, os estilos foram se homogeneizando, e hoje insistir em um futebol à brasileira não faria mais sentido posto que pode-se, por exemplo, encontrar características sul-americanas em jogadores europeus e vice-versa.

Nas artes, a questão de uma identidade nacional pode trazer discussões parecidas. Em um sistema cultural globalizado que assiste à mistura e homogeneização de estéticas desde o final dos anos 1980, apontar características exclusivas da arte brasileira é no mínimo complicado. (Continua…)

Jonathas de Andrade. "40 Nego Bom é 1 real". 2013.
Jonathas de Andrade. “40 Nego Bom é 1 real”. 2013.

* Originalmente pulbicado em O Globo, Segundo Caderno, 30/06/2014.

Artista vende anúncio em Outdoor instalado dentro de Centro Cultural

Na sua individual no Santander Cultural de Porto Alegre, intitulada “Seu lugar é Aqui, Seu momento é agora”, o artista gaúcho Daniel Escobar comenta em várias instâncias o modo operacional da publicidade, com suas táticas de manipulação dos desejos individuais e coletivos. Iniciando com um comentário sobre a especulação imobiliária, o artista se aprofundou no fascinante mundo fictício da propaganda e resolveu ele próprio orquestrar uma operação comercial publicitária dentro da exposição. Assim, instalou um outdoor de 9m x 2,80 m  para alugá-lo por temporadas, enquanto a mostra estiver em cartaz. “Anuncie Aqui” é o nome do projeto, e abaixo segue o teaser de promoção do negócio. Uma rara oportunidade para pessoas exigentes que buscam a atenção de um público VIP…

Exposição “Seu lugar é Aqui, Seu momento é agora” de Daniel Escobar
Curadoria Daniela Labra

O Espectador Emancipado

obra de luiz gonzales palma, 2007
obra de luiz gonzales palma, 2007

Neste texto fundamental Jacques Ranciére discute o teatro na contemporaneidade. Ao pensar as artes cênicas no contexto da sociedade do espetáculo, o filósofo lança uma análise que de certo modo se encaixa nas artes plásticas.

Qual é a essência do espetáculo na teoria de Guy Debord? É a externalidade. O espetáculo é o reino da visão. Visão significa externalidade. Agora, externalidade significa a desapropriação do próprio ser de uma pessoa. “Quanto mais um homem contempla, menos ele é”, diz Debord. Isto pode soar antiplatônico. É claro que a principal fonte para a crítica do espetáculo é a crítica da religião de Feuerbach. É o que sustenta aquela crítica – a saber, a idéia romântica da verdade como inseparabilidade. Mas esta própria idéia se mantém de acordo com o descrédito platônico quanto à imagem mimética. A contemplação que Debord denuncia é a contemplação teatral ou mimética, a contemplação do sofrimento provocado pela divisão. “A separação é o alfa e o ômega do espetáculo”, escreve. Aquilo que o homem contempla neste esquema é a atividade que lhe foi roubada; é a sua própria essência que lhe foi arrancada, que se tornou alheia, hostil a ele, que consente com um mundo coletivo cuja realidade não é nada além da desapropriação mesma do homem.

Tradução de Daniele Avila para a revista digital de assuntos do teatro Questão de Crítica:

http://www.questaodecritica.com.br/2008/05/o-espectador-emancipado/

www.archieveactionart.org

archieve action.art é um arquivo material de livros, catálogos e folhetos de exposições, cartazes e material audiovisual relacionado com a ação. action art é uma investigação em si mesma, que tem forma de magazine electrônico. Estrutura-se em três àreas: a performance, a manifestação e a fragmentação. Em cada área se encontrarão artículos, artistas, entidades, eventos e bibliografia. Em espanhol.

http://www.archieveactionart.org/

Performance: modos de estar e transformar

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Fernanda Magalhães. ¨A Natureza da Vida – Bosque Central Londrina, Madona¨, 2011 (fotografia)

Performance: modos de estar e transformar*

Em 1989, o diretor teatral Renato Cohen (1956-2003), lançava o pioneiro livro ¨A Performance como Linguagem¨, onde investigava elementos performáticos nas artes, desde a perspectiva do teatro experimental. Ele comentava sobre arte conceitual, o punk, body art, happenings, xamanismo, psicologia, antropologia e semiótica, dando dimensão das diversas referências e complexidade da linguagem performática. Sua abordagem seguia o pensamento do também diretor e teórico estadounidense Richard Schechner, que já nos anos 1970 discutia o ato de ¨performar¨ como sendo algo inerente ao ser humano em convívio social. Assim, ele apontava que uma cerimônia de candomblé, um batismo, uma manifestação, um ritual marajoara, um reality show, um jogo, tudo é ou contém performance.

Como linguagem na arte, a performance tem portanto a matéria prima nos ¨modos de agir¨ do homem em sociedade: dos atos solenes aos mais banais, como escovar os dentes, tudo possui potencial estético e narrativo. A performance procura iluminar gestos naturalizados pela rotina, para que sejam ressignificados e alcancem uma dimensão poética e crítica, dentro e fora dos espaços convencionais da arte. Ela se apresenta como ações que tentam se aproximar ao máximo do mundo ¨real¨. Um exemplo seria alguém fritando um ovo em um fogareiro no meio do museu ou na calçada: algo que dependendo da intenção e do contexto, pode ser arte ou não. A performance é a arte da fricção com a vida e, em qualquer àrea que se coloque, instiga pelo seu hibridismo e polissemia, sendo uma via para questionar disciplinas engessadas, desconstruindo estruturas e padrões estabelecidos.

* texto publicado em Jornal O Globo, Segundo Caderno, 4/11/2013 sob o título de ¨Luz nas Trevas¨

+  continua…

 

CONVOCATORIA – La Vitrina – Hacer Noticia

Lado V de TEOR/éTica invita a enviar propuestas para el programa de exposiciones La Vitrina.
Dirigido a: artistas, investigadores, estudiantes, diseñadores y público general
Cierre de la convocatoria 25 de AGOSTO.
Anuncio de proyectos escogidos: 31 de agosto; Inauguración: 11 de setiembre

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La Vitrina – La Vitrina es un nuevo espacio expositivo ubicado en la “ventana” del Lado V de TEOR/éTica. Fue inaugurado en Mayo de 2013 con el proyecto Fermentando Sinergias de Carlos Fernández. Funciona como un lugar de exposición abierto 24/7 que propicia el vínculo con el espacio público desde un espacio privado. El objetivo de La Vitrina es que los transeúntes del Barrio Amón, puedan interactuar y ser interpelados con proyectos artísticos que promuevan la curiosidad y la reflexión en torno a eventos de actualidad, así como la participación y apropiación del espacio urbano, entre otros.
La Convocatoria – El proyecto Hacer Noticia en La Vitrina, busca propuestas artísticas que planteen formas creativas de intervenir el espacio, y que sean el resultado de un análisis a profundidad sobre algún tema de actualidad y como este es tratado en los medios de comunicación masiva en Costa Rica. Interesan proyectos experimentales que pueden ser procesuales, que planteen una reflexión crítica sobre la forma en que los medios de comunicación emiten la información y cómo esta es digerida y procesada por el público.

La propuesta de intervención del espacio de La Vitrina deberá estar formulada con claridad para que, tanto el tema propuesto como lo que se quiere comunicar, se comprenda y atraiga a un público amplio. La intención es que promueva diversas maneras de “leer” los eventos de actualidad.

Esta convocatoria insta a los participantes a indagar en el contexto social para formular propuestas artísticas a partir de su realidad inmediata.Debido a las condiciones físicas del espacio, La Vitrina cuenta con muy poca seguridad, por lo cual no es recomendable hacer uso de equipo tecnológico u otros materiales de costo elevado. Para la realización del proyecto de intervención seleccionado, Lado V ofrece una bolsa de trabajo de hasta $500, además de apoyo logístico y de difusión.

Para participar, enviar a lola@teoretica.org:

CV, Propuesta escrita, máximo de dos páginas, donde se explique el proyecto, su justificación y las necesidades técnicas. Bocetos, imágenes, documentos o cualquier otro material de referencia que se considere necesario.

TEOR/éTica.  San José, Costa Rica
+506 2221.6971
www.teoretica.org

infos   lola@teoretica.org

Residência Phosphorus, São Paulo. Inscrições até 15/07

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Estão abertas, até 15/07, as inscrições para a Residência Phosphorus, etapa nacional.
Phosphorus é um espaço experimental, sem fins lucrativos, localizado em um casarão histórico no coração de São Paulo, onde a cidade foi fundada.
Essa é a terceira fase do projeto contemplado pelo PROAC. Nessa etapa um artista será selecionado (de qualquer parte do Brasil com exceção da cidade de São Paulo).
A residência ocorre em um período de 2 meses (agosto-outubro), o artista selecionado recebe um valor de R$ 5000,00, espaço para ateliê, possibildade de ocupação de todo espaço expositivo do Phosphorus e acompanhamento crítico e logístico para desenvolvimento de sua produção. Não é necessário o envio de um projeto, já que o foco da residência é a possibildade de interação com o meio, a casa (e suas atividades) e o entorno urbano.
O regulamento e a ficha de inscrição podem ser baixados no site www.phosphorus.art.br na aba “convocatórias”.
Maiores informações: residênciaphosphorus@gmail.com

It seems Brazil but is just Art Basel.

Art copies Life. A non-authorized party at the cozy Favela Café inside the Art Basel Fair was forced to close by the police. This fact remember us the real riots that occurs inside the favelas in Brazil each week or month since ages…

The Favela Café project was signed by artist Tadashi Kawamata and architect Christophe Scheidegger. On a Friday night, Swiss police fired rubber bullets and teargas at an artist-activist group who took over Japanese artist kind of politically uncomfortable work at Art Basel, a fully working eatery in the guise of Brasil’s ad-hoc urban areas. Art Basel had allowed the group to protest for a limited time.

A brief reflection on this let us note that the political stress of the work is just a cute lecture of Favela’s aesthetic which delight the western art world without no shame. As an art piece for a glamorous event like this one, it critique is absolutely harmless. Meanwhile when was activated as a place for non allowed parties inside the commercial big show, the project finally gains meaning.

+ sobre
http://esferapublica.org
http://contraindicaciones.net
http://salonkritik.net