Declaração Breve

Caros visitantes, o ano de 2005 começa com o despontar de diversos projetos interessantes de colegas curadores, artistas e produtores, mas eis que já temos a pergunta na ponta da língua: como angariar fundos para nossos projetos que, coitados, lidam com arte contemporânea, o bicho esquisito do meio cultural? E por que é esquisito?

Por que faz pensar, e num país interessantíssimo e desigual como o Brasil, os Donos da cultura não querem que a população pense muito. Reflexão gera questionamento, que por sua vez gera transformação. Mas vamos transformar o que, meus senhores? A anestesia fácil da televisão deixa todo o mundo sintonizado na mesma música de letra vazia e melodia tonta.
Ao apresentar um projeto de arte, o primeiro que se quer dele, no Brasil de hoje, é que tenha uma função social e educativa. Quanto mais crianças carentes ele arrebanhar, melhor para o patrocinador, que deixa de pagar mais impostos: isso é marketing sócio-cultural. Bom para as crianças, e nem sempre para os projetos… Não será que o Estado repassa muita responsabilidade para ONGs e produtores culturais quando deveria aumentar a quota orçamentária destinada a Cultura (que atualmente é de 0,3%!) e investir seriamente em EDUCAÇÃO?

Viva viva os projetos sociais, e mais aqueles que se desdobram de algum projeto de arte. Mas viva viva também aqueles projetos que têm uma preocupação conceitual e não tenham um desdobramento social direto, para que não precisem forçar a barra com oficinas improvisadas em comunidades carentes para satisfazer mais que tudo, o patrocinador e o governo federal com seus dados de realizações.

Para que a arte continue se desenvolvendo plenamente no Brasil, é necessária a reforma do ensino primário e o incentivo a leitura.

E só assim a esquisita Arte Contemporânea deixará de ser coisa de ricos. Falei?

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