DIAGNÓSTICO DAS ARTES VISUAIS

excerto do:

COLEGIADO SETORIAL DE ARTES VISUAIS

– DOCUMENTO 01/2008 –

I. DIAGNÓSTICO DAS ARTES VISUAIS

As Artes Plásticas – como foram, até há pouco tempo, conhecidas – ganharam nova dimensão, passaram a ser chamadas como Artes Visuais abrangendo todas as formas de expressão artística que, tendo como centro a visualidade, geram – por quaisquer instrumentos e ou técnicas – imagens, objetos e ações (concretas ou virtuais) – e ampliam seu universo para a percepção sensorial. Visto sob esta ótica as Artes Visuais estão presentes em todas as dimensões de nossa existência: nos objetos que nos circundam, nas paredes, nas ruas, praças e espaços arquitetônicos.

Ela estabelece permanentemente a conexão entre nós e o meio urbano, político e social. Não é mais apenas um objeto palpável, absoluto. Envolve um universo ilimitado incluindo desde a pintura de uma tela até o eletrodoméstico e as relações estéticas subjetivas.

A definição sobre os campos das artes visuais tem sido matéria de reflexão e debates sofisticados devido à sua amplitude e à agregação de questões filosóficas. É necessário antes de qualquer diagnóstico, redefinir as Artes Visuais como um território que incorpora hoje diversas áreas de expressão, além das Artes Plásticas, consideradas linguagens tradicionais, como: pintura, escultura, desenho, gravura, objeto. Temos a chamada Arte Contemporânea que faz uso de diversas linguagens abarcando campos tão diversificados pelos seus usos e por funcionamentos próprios, e que, em geral, se relacionam com pesquisas científicas e técnicas, e/ou investigações sócio-culturais e de práticas que produzem objetos, ações, propostas e reflexões, e que, assim, delimitam o campo das artes visuais, a saber:

Atividade Artística Visual no Campo Simbólico: Práticas estéticas que vão desde as atividades em suportes tradicionais até as atividades que visam linguagens e experimentos materiais, corporais, espaciais e ou virtuais; pesquisas de suportes e tecnologias:
Desenho, colagem, gravura, pintura, escultura, cerâmica, objeto, assemblage, fotografia, vídeo-arte, body-arte, performance, instalação, instauração, happening, intervenção urbana, arte e tecnologia (1), eco-arte, arte ambiental, land-art, grafitti, artes interativas, inter-territorialidade entre outros campos das e do saber.

Atividade Artística Visual Economicamente Orientada: Agenciamentos estéticos mistos que se inscrevem em atividades industriais ou comerciais, com meios específicos de circulação que apresentam intersecções ocasionais com o campo simbólico:
Design gráfico, design de produtos, design de moda, web design, design de interiores, arquitetura, decoração, urbanismo, fotografia, quadrinhos, artesanato, cenografia, humor gráfico, ilustração, light design, paisagismo, tapeçaria, tecelagem, animação.

Atividades discursivas no campo das artes visuais: Práticas de re-simbolização da atividade estética no registro de linguagens escritas e outras articulações, visando à atualização de significados. Significados esses que são propostos por obras, objetos e ações artísticas na perspectiva do pensamento e da reflexão (história da arte, crítica de arte, antropologia e psicologia da arte, teorias da arte, curadoria, ensaios).

Observações:

(1) Arte-Tecnologia é um termo genérico usado para descrever a arte relacionada com tecnologias surgidas a partir da segunda metade do século XX. Exemplos que podemos citar: arte em rede, arte robótica, arte com videogames/game art, hipermídia, net art, arte telemática, comunidades virtuais e ativismo artístico, ambientes imersivos, ambientes interativos, projetos de realidade aumentada e congênere, nano arte, arte computacional, bio-arte, arte transgênica, vida artificial, visualização de efeitos físico-químicos, arte digital, web-arte, arte wireless, arte cibernética, etc.

O conceito de Arte Cibernética é significativamente mais restrito, pois exige a interação constante entre o observador e a obra – e/ou entre os subsistemas da obra – num processo de causalidade circular que pode acarretar mudança de objetivos tanto para o espectador como para a obra. Obras que contemplem a interação contínua, cibernética, entre o observador e a obra – e/ou entre os subsistemas da obra –, bem como projetos de pesquisa que discorram sobre ou desenvolvam conceitos relacionados.

(2) Inter-territorialidade – inter-relação das artes com outros territórios do conhecimento humano.

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