Berna Reale: Vazio de Nós

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Berna Reale: Vazio de Nós
de 03/09 a 08/12/2013
MAR – Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro
http://www.museudeartedorio.org.br

Berna Reale reflete sobre o mundo e a vulnerabilidade humana. Sem ser uma jovem artista, ela há pouco vem despontando fora de Belém do Pará, onde vive e trabalha. Formada em Licenciatura em Artes, Reale é também perita criminal, atividade infiltrada no tecido social que concretizou a problemática da dicotomia centro/periferia como o tema da sua obra. Assim, ¨Vazio de Nós¨ critica as injustiças e desassistências sociais que produzem um enorme contingente de indivíduos sem sonhos, habitantes de zonas marginalizadas constituintes de uma geografia global da exclusão.

Esta individual traz ao MAR cinco performances para vídeo realizadas entre 2011 e 2013 em Belém. ¨Limite Zero¨, ¨Palomo¨, ¨Ordinário¨, ¨Soledade¨ e ¨Americano¨ são obras dedicadas às vítimas de abusos de poder; de comandos de extermínio; aos encarcerados; aos que enlouquecem na indigência social, nas ruas ou nas mãos do Estado.

¨Limite Zero¨, em analogia com o processo do abate de animais, discute a banalização da morte. Já ¨Palomo¨, comenta poeticamente o abuso de poder institucional. ¨Soledade¨, filmada em rua homônima que integra a rota do tráfico de drogas, aborda a negligencia política com os necessitados, e ¨Ordinário¨, realizada no bairro de Jurunas, traz a artista recolhendo cerca de 40 ossadas reais encontradas pela polícia em cemitérios clandestinos na área metropolitana de Belém, e denuncia ações de extermínio. Por fim, ¨Americano¨, feita no Complexo Penitenciário de Americano, em Santa Izabel do Pará, nos recorda que a tocha, símbolo antigo de purificação e conhecimento e hoje ícone Olímpico, também traz à memória rebeliões ocorridas onde se vive em situação-limite.

Esta mostra se dá em um momento ímpar da história do país e desta cidade. As manifestações desencadeadas desde junho foram recebidas pela artista e curadora como um feliz e desconcertante acaso, e reforçou nossa crença no potencial da arte como prática transformadora das consciências críticas.

Daniela Labra – curadora

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