Um feira é uma festa

A primeira feira de arte dedicada ao comércio de obras de arte moderna foi a Art Cologne, na Alemanha, inaugurada em 1967.  De lá para cá, as feiras de arte se multiplicaram como pães quentinhos pelo mundo todo, e hoje são tão populares como as Bienais e, em certos casos como a Art Basel na Suíça, ou a ARCO, em Madrid, ocupam o lugar de maior evento dedicado às artes plásticas do país.

Fatores já clichês como a espetacularizção, a mercantilização e a globalização da cultura são diretamente associados ao aparecimento deste fenômeno de natureza mercantil. Assim como uma feira de carros de luxo ou de agronegócios, as feiras de arte são um lugar para aquisição de produtos e negociações.

O que chama maior atenção, porém, é o fato de uma feira de artes carregar forte na maquiagem de glamour. Vender e adquirir obras de arte é sinônimo de poder. Porém, como ser artista nem sempre tem essa conotação, a glamourização destes eventos é uma coisa que fica esquisita por que é descolada da realidade do artista e do que é pensar e fazer arte.

No Brasil então, em meio a tantas problemáticas institucionais, é tristemente divertido notar que uma feira de Arte (diga-se: a SP Artes)  se transformou rapidamente num lugar onde artistas – muitos sem galeria e sem grana para bancar seus trabalhos – disputam um lugar para mostrarem seu sorriso e seu perfume nos corredores do feirão.

É desconcertante, mas pela experiência que tive trabalhando em feiras e galerias de arte, constatei que o artista em carne e osso, principalmente aquele que é jovem e sem galeria, é o último na lista de prioridades dos galeristas e dos compradores. Abaixo dele, só vem mesmo o público curioso de classe média, que tem dinheiro no máximo para comprar um livro.

Uma feira é uma festa muito animada. Os convidados plebeus, em sua maioria artistas que produzem obras de arte, vestem a melhor roupa para ajudar a esquentar a cama daqueles que fazem a fama e dinheiro – e cujas preocupações estão mais próximas da experiência lucrativa do que da experiência estética.

Um brinde ao capitalismo!

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Segue a leve e hilária matéria do Estadão sobre a SP Artes:

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100430/not_imp545049,0.php

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