Precisamos perceber que não somos digitais

Estudiosa do mundo da arte & tecnologia, Machiko Kusahara diz que precisamos perceber que não somos digitais

Publicada em 27/04/2009 no globo digital
Vinícius Andrade Pereira
RIO – Professora na Universidade Waseda, em Tóquio, e professora vistante na UCLA, Machiko Kusahara também é curadora de mostras de arte digital desde 1985. Suas pesquisas, de caráter interdisciplinar, conectam campos distintos como arte, ciências, tecnologias, cultura, sociologia e história. Nesta entrevista, Machiko Kusahara revela como são tênues as fronteiras entre arte, tecnologia e entretenimento. E melhor ainda: ela esteve em 27/04 no teatro Oi Casa Grande, no Leblon, durante o segundo encontro do CECC Consórcio de Entretenimento e Cultura Contemporânea, com entrada franca e mediação de Cora Rónai, André Parente e Erick Felinto.

Como você vê, hoje em dia, as fronteiras entre arte, tecnologia e entretenimento?

As fronteiras tradicionais não são mais válidas. Mesmo no fim do século XIX já ocorria um diálogo entre esses campos. O começo do cinema é um exemplo conhecido. É claro que existem campos específicos para “arte”, “tecnologias” e “entretenimento”, mas as fronteiras não são nítidas. E são nas zonas cinzentas onde os experimentos acontecem e novas possibilidades em cada campo são encubadas.

Como entender o impacto das novas tecnologias no modo como os jovens estão consumindo entretenimento midiático?

As pessoas precisam entender o papel e o impacto do entretenimento na nossa história. O entretenimento foi uma ferramenta que o poder usou para deixar as pessoas se esquecerem dos seus problemas do dia-a-dia desde tempos antigos. Por outro lado, o entretenimento promoveu importantes invenções tecnológicas, como no caso de Daguerre, que “inventou” a fotografia. Hoje o YouTube tem um grande impacto nos modos como as pessoas se comunicam. Nós precisamos analisar o que está acontecendo através de abordagens críticas e realistas. Não me parece correto que faltem, com frequência, discussões teóricas e críticas em universidades onde há cursos para se ensinar como criar conteúdo de entretenimento para mídias.

As novas tecnologias estão mudando os modos como as pessoas se envolvem com as artes?

O acesso às artes tem mudado com a internet, começando com a web e agora com blogs, YouTube etc. Ferramentas para “fazer arte” também tornaram-se muito mais acessíveis, como programas de edição de vídeos… Mas tenho a sensação de que as mudanças ainda estão apenas começando.

Quais as perspectivas para os negócios de entretenimento na televisão?

Os negócios das TVs são diferentes em cada país, refletindo panoramas políticos, técnicos e comerciais… No Japão, veremos o que vai acontecer quando o sistema de transmissão analógico terminar, em 2011.

Entrando especificamente na área universitária… o que deveria ser considerado neste contexto, diante da cultura digital e do entretenimento?

Os estudantes precisam ser, ao mesmo tempo, críticos e criativos. Como disse antes, ter uma perspectiva histórica e teórica é útil. Ao mesmo tempo, apenas conversar sobre teoria sem uma experiência prática com a cultura digital é um contrassenso. As universidades precisam de um equilíbrio entre teoria e prática, entre crítica e experiências…

Você poderia nos explicar a ideia da Device Art e mostrar como ela pode ajudar a compreender melhor o diálogo entre arte, tecnologia e entretenimento?

O que chamamos de Device Art (Arte de Aparelho Eletrônico) é uma forma de arte midiática que integra arte e tecnologia, além de design, entretenimento, cultura popular e produção comercial. Em vez de considerar a tecnologia como mera ferramenta que serve à arte, como comumente é vista, propomos um modelo no qual a tecnologia é o coração da obra de arte. O conceito tomou forma na análise de trabalhos de artistas japoneses contemporâneos internacionalmente reconhecidos – como Toshio Iwai, Nobumichi Tosa (Maywa Denki) e Kazuhiko Hachiya. As características aparentes em muitos desses projetos incluem interação, uma atitude positiva em relação à tecnologia, e diversão. Esta abordagem, que é frequentemente considerada suspeita de um ponto de vista ocidental é, na verdade, parte natural da arte japonesa. Uma longa história de cultura visual que se desenvolveu independentemente dos paradigmas das artes ocidentais desempenha um importante papel na cena artística japonesa, oferecendo aos artistas oportunidades mais amplas para levarem suas obras e conceitos para fora do contexto dos museus e das galerias.

O que dizer aos pais que estão educando suas crianças hoje? Quais deveriam ser os limites para as crianças que estão lidando todo o tempo com diferentes tipos de mídias?

Este é um problema crucial. É possível que a minha resposta surpreenda, mas eu recomendaria que fossem dadas mais chances para as crianças cuidarem de plantas e de animais, para compreenderem que nós todos somos coisas vivas que partilhamos muito do nosso DNA. Não somos seres digitais que vivem de eletricidade. Seria significativo passar uma hora por dia com algum gato em vez de gastar este tempo jogando games.

Como você relacionaria arte, tecnologia e entretenimento e a cultura brasileiria?

Esta é minha quarta vez por aqui no Brasil, mas ainda não tive tempo suficiente para ver muito do país. Falando genericamente, obras de arte midiática de brasileiros são muito fortes, e frequentemente o corpo é um tema central na obra. Essa característica parece refletir a cultura brasileira.

VINICIUS ANDRADE PEREIRA é professor do PPGC-UERJ e diretor do Pan Media Lab ESPM. Email: vinianp@yahoo.com

http://ciccillo.wikispaces.com/

O espírito de Ciccillo Matarazzo se revoltou contra a confusão da Fundação Bienal , e lança este protesto on-line. Se ele vai engajar os artistas, não sei, mas a tentativa é bem-humorada.

“Os tempos mudaram… E diante dos últimos acontecimentos que atingem a Bienal Internacional de Arte de São Paulo, que fundei em 1951 e presidi até a minha morte em 1977, inicio este wiki com o Relatório da Curadoria da 28ª Bienal de São Paulo.

Meu objetivo não é apenas comentarmos este relatório, mas também e, sobretudo, pretendo criar aqui um uma arena pública para que a sociedade brasileira mostre a sua indignação. Vamos publicar, pesquisar, apontar, criar uma situação que demonstre aos órgãos competentes que não podemos mais tolerar esta situação. Anos de gestões incompetentes, para dizer o mínimo, agora desembocam na possibilidade de vermos o pavilhão brasileiro da Bienal de Veneza vazio. Ora, senhores, isso é demais!

Sou obrigado a pedir que a sociedade brasileira acompanhe a minha indignação e se movimente em defesa de nosso patrimônio institucional artístico maior.

Declaro o espaço aberto. Vamos aos debates!

Ciccillo Matarazzo”

http://ciccillo.wikispaces.com/

Projeto Ponto Crítico no Kreatori Coletivo de Arte (RJ)

O Kreatori é um novo espaço para cursos, exposições, residências e pesquisa artística no Rio de Janeiro. A partir de 20 de maio estarei com o projeto Ponto Crítico, todas as quartas feiras às 19h, oferecendo cursos e bate-papos sobre arte contemporânea. A primeira fase do projeto consiste em 8 encontros semanais, para discutir e refletir sobre a historiografia crítica da arte no século XX-XXI.

Segue a ementa –

Projeto Ponto Crítico com Daniela Labra

ARTE NA VIRADA DO SÉCULO XXI: Ações, Interações e Intervenções

Possibilidades poéticas, políticas e sociais das práticas artísticas contemporâneas

A curadora e crítica de arte Daniela Labra inicia em maio o projeto Ponto Crítico, voltado para a discussão e reflexão crítica acerca da produção de arte contemporânea. Os encontros do Ponto Crítico acontecem todas as quartas feiras, no horário das 19 às 21:30h., e está aberto a profissionais, estudantes, amantes e curiosos da arte contemporânea.

A primeira fase do projeto, com duração de 2 meses, tem conteúdo historiográfico. A fase seguinte tem um formato mais livre, e cada encontro apresentará um tema diverso, podendo versar sobre um único artista, sobre um texto crítico, sobre uma única obra ou mesmo trazer um convidado para falar de seu processo artístico, de crítica ou curatorial.

Início: 20 de Maio

Duração: 8 Encontros

Dias/Horários: Quartas-Feiras das 19h às 21:30h

Para maiores informações, acesse: http://kreatori.wordpress.com/cursos-oficinas/

Helsinki International Artist-in-residence Programme

HIAP PRODUCTION RESIDENCIES:
Call for Applications

HIAP – Helsinki International Artist-in-residence Programme
Cable Factory
Tallberginkatu 1 C 97
00180 Helsinki
Finland
info@hiap.fi
http://www.hiap.fi

HIAP – Helsinki International Artist-in-residence Programme invites international visual artists to submit applications for HIAP Production Residencies for the period of 2009/10.

The deadline for applications is 1st July 2009 (postmark).

HIAP Production Residencies provide professional visual artists with an opportunity to concentrate on developing new concepts and / or producing new works in Helsinki. Production support is offered for the whole production process from the first idea until the finished piece.

The lenght of the residency, the amount of the production budget and other practical issues will be negotiated with the selected artist according to the specific circumstances of their production proposal.

HIAP Producton Residencies include:
– travel grant
– per-diem grant for living costs in Helsinki
– accommodation and workspace
– production support, including moderate production budget

HIAP is looking for proposals that demonstrate an original and imaginative approach to visual art production, emotional and psychological insight, personal dedication and depth of artistic reasoning. There are no limitations on the medium or method of the proposed production.

Free-form applications should include:
– Production Proposal / Preliminary Concept
– Budget and Schedule Estimates
– Artist’s Statement / Motivation Letter
– Curriculum Vitae
– Portfolio

Supporting material, such as letters of reference, articles, publications, etc. can be included with the application.
Applications should be submitted by post to the address:

HIAP Jury
Cable Factory
Tallberginkatu 1 C 97
00180 Helsinki
FINLAND

Please note that the application materials are not returned.

technical requirements:
– please include attachments as printed material rather than electronic files, when possible.
– electronic material should be compatible with both Mac and PC computers and readable by common office software
– please do not attach any kind of stickers or labels on CD / DVD disks

HIAP Production Residencies have been made possible by support from the Finnish Cultural Foundation.

Bolsa de pós-graduação para artistas com mestrado

Research Program Post-diplôme
Fine Arts Postgraduate Program
Ecole nationale des beaux-arts, Lyon, France
Recruitment for session starting September 2009

Deadline for applications: May 15th, 2009 (Date of postage)

For all inquiries, please contact:
Elise Chaney
Coordinator of Postgraduate Program, ENBA Lyon
T. +33 (0)4 72 00 11 60
elise.chaney@enba-lyon.net
http://www.enba-lyon.fr/postdiplome/infos.php?lang=eng

Presentation
Further to its diploma courses, The National School of Fine Arts of Lyon -ENBA, offers a one-year postgraduate course with an international orientation, for a small group of young artist-researchers who have acquired at least a Master’s degree.

Since ten years The ENBA, convinced that the singularity of an art school depends, among other things, on its freedom to reinvent itself and fully assume its transmission function, decided to set up a postgraduate diploma course for a selected group of five young artists from different geographical origins who were already engaged in different types of artistic work. During their year-long adventure they have access to the school’s infrastructure and studios. They also have a critical accompaniment, a field of interactivity and opportunities for foreign travel.

This is no longer a school, with its reassuring rhythms; and yet it is still a school, with its exacting standards. It is an articulation of elements that are too often separated: teaching and professionalism, the protected environment of the school and exposure to the world. It is by virtue of the paradoxical nature of this kind of relationship to the institution that The ENBA’s postgraduate course places the accent on a certain form of destabilisation. And without making any claims to a nomadism that is more difficult than it might seem, the fact remains that travel abroad – in Europe, firstly, but also overseas – is considered a necessary catalyst to the active practice of contemporary art.

The Postgraduate Art Program Lyon, 2009 2010:

– this tenth session will include five young artists.
– the artists will enjoy a collective space to carry on their work. The emphasis will be put on the development of everyone’s work; on reflection and discussion with foreign and French personalities of high level and various horizons: artists, historians, art critics, curators, gallery owners, philosophers…
– during the selection procedure, the jury’s attention will be focused on demonstrable artistic quality and the potential for the development of a work.

Supervision
Jean-Pierre Rehm, art and cinema critic, independent curator, acting commissioner of the international documentary Festival of Marseille (France).

Material conditions
– The successful candidates each receive a grant of €4,000, paid in two installments.
– collective accommodation is offered to candidates at Lyon. In other places, possibilities of accommodation will be proposed.

Conditions for admission to the postgraduate course

– Applicants must hold a higher diploma (Master’s degree) from a national or international school of art, architecture, etc.
– a shortlist is drawn up on the basis of the applications
– admission comprise an interview with a jury composed of personalities in the art world.

Knowledge of French and/or English is required

Deadline for reception of applications:
15 May 2009
Interviews with shortlisted applicants:
June 2009

Information on the Program, applications and admission procedure available at the School or on its website: http://www.enba-lyon.fr/postdiplome

Comentário sobre o Panorama

Este texto foi gentilmente enviado por Traplev para a publicação no Artesquema.

A DISFUNÇÃO DO PANORAMA DA ARTE BRASILEIRA
OU O DES-PANORAMA EM ACLIMAÇÃO
(E COMENTÁRIOS DO BLOG DO CANAL CONTEMPORÂNEO)

(publicado também em versão espanhol http://esferapublica.org/nfblog/?p=1893 )

Roberto Moreira Junior
(Traplev)

Quando li a reportagem na Folha de SP, também lembrei como referência, sobre a indicação na Alemanha do artista inglês Liam Gillick para a Bienal de Veneza deste ano. Mas o interessante em ler a reportagem e depois ler os comentários no blog do canal contemporâneo (http://www.canalcontemporaneo.art.br/brasa/archives/002119.html), foi sentir tanta inflamação.
Não creio que o contexto seja de “desrespeito para com os artistas brasileiros em pleno tempo de expansão” como escrito em um post no blog do Canal, para mim essa proposta de Adriano Pedrosa soa mais como uma “armadilha estética” (não duchampiana!), do que um desrespeito a produção de arte brasileira.
Adriano Pedrosa, não é o único a polemizar o Panorama da Arte Brasileira que acontece no MAM de São Paulo desde 1969. Depois do Panorama de 2001 (com curadoria de Ricardo Basbaum, Ricardo Resende e Paulo Reis) todos os Panoramas que se prosseguiram nunca mais tiveram o mesmo impacto dentro do circuito de arte institucional e informal no Brasil.
Com a “polêmica-interna” que gerou a referida exposição em 2001 (uma “crise” no bom sentido), que na minha opinião, foi uma das melhores curadorias com o nome de Panorama da Arte Brasileira da última década, porque justamente estavam focados com o que estava ocorrendo na época, despontando outras práticas artísticas que não somente esse circulo de “visibilidade brasileira” e não se preocupando apenas em paradigmas e circuitos de mercado. (E nesse sentido a publicação – não catálogo – editada por Ana Paula Cohen, e a entrevista com Artur Barrio reforçaram a proposta justamente reafirmando outras práticas não padronizadas pela Instituição Museológica e o “Catálogo de Exposição”).
As outras tentativas partindo do talvez primeiro DES-Panorama do G. Mosquera começaram a decair e não conseguiram mais encontrar o sentido de se fazer este evento que comemora seus 40 anos em 2009. Ainda entre os Panoramas internacionais (Mosquera em 2003 e Pedrosa em 2009), teve a Curadoria de Felipe Chaimovich que ainda se preocupou em pesquisar por muitos estados do Brasil (in-situ), o que se produzia na época. Concordo também com o post (do link acima) de Juliana Burigo, Ligia Borba e Guy Amado, que simplesmente poderia se resolver o problema promovendo uma curadoria que não exatamente o tal “Panorama nanannnann”.
Também soa interessante essa indignação pela proposta de Adriano Pedrosa, pois justamente evidencia um problema maior que está por trás de tudo isso e que de alguma forma passa despercebido – a posição do MAM-SP que aceita tal proposta para o evento bienal de nome Panorama da Arte Brasileira.
Creio que essa coisa de utilizar o evento (pelo menos nos últimos 8 anos) que acontece desde 1969 até hoje com propostas querendo “renovar” o panorama da arte brasileira com artistas internacionais, é claramente um problema de Identidade da própria Instituição. Penso que os próprios diretores-presidentes e ou conselheiros, curadores do MAM-SP ou quem é que seja que administra essas “chamadas conceituais” para o Panorama, (como tb já dizia outro post), que deveriam responder por essa crise de identidade.
E ainda se falar que Programa de Residência é uma inovação (!), também não cabe mais nesses discursos. Nesse sentido concordo com Marco Paulo Rolla entre outros comentários, de propor realmente uma virada de conceito do que significa ainda hoje realizar um Panorama da Arte Brasileira no Brasil.
A emergência de se rever, discutir, questionar, esvaziar e modificar os princípios e sentidos de eventos como o Panorama, Bienal, Salões e etc, são essenciais.

As opções de atualização são infinitas, porque mesmo não pensar em programas de comissionamento a trabalhos, fomentando a produção de artistas brasileiros (neste sentido diga-se de alto e bom tom, não apenas os “artistas do mercado brasileiro”) para as edições bienais do Panorama (???).
Nesse sentido o projeto de Adriano Pedrosa realmente poderia ter outro contexto para refletir sobre o que ele propõe, não precisaria necessariamente evidenciar-se e aproveitar-se da “melodia institucional” em se intitular de Panorama da Arte Brasileira. Concordo também sobre as opiniões que se colocam sobre o questionamento do que é arte brasileira internacional por Daniela Labra: “É arte brasileira com penas de arara (Tropicália) ou arte brasileira com cara de Robert Morris?”, realmente essas confusões de continentes e nacionalismos são paradigmas delicados e a proposta como esta de Adriano Pedrosa (de se fazer o Panorama da Arte Brasileira Européia), ou mesmo esse último “Manifesto” de Bourriaud que tenta pensar outros paradigmas da arte sobre pontos de vistas duvidosos ao se falar generalizando, colocam em xeque e ás vezes impõe princípios conceituais e ações de curadores que não correspondem com situações específicas (“time specific X site specific” [!]) de circuitos diversos.

Desde a saída (emergencial combinada) de Ivo Mesquita e sua equipe, da direção do MAM-SP(-ITAÙ) de 2001, o Panorama da Arte Brasileira “balança”.
Porque não se comentou a curadoria do Panorama “Contraditório”[!] de Moacir dos Anjos, que na pouca informação, crítica e comentários que busquei nada diziam de tão inflamante como este..(!?) Neste ano da Curadoria do Moacir, tentei procurar várias vezes (google, canal, mapa, etc, etc, etc..) informações de pelo menos quem foram os artistas selecionados (!) e nem na página do próprio MAM-SP tinha o nome dos artistas!!!, mas quando vi uma parte de nomes tão conhecidos da “arte brasileira para exportação” (com a sequência da parceria para a ARCO de Galerias Brasileiras & Governo Federal, etc, etc, etc), perdia o interesse, porque para um sentido de PANORAMA, se desviava de um dado foco, se perdia a atenção de algo a mais do que vemos no mercado ou somente daquilo que circula nesse meio.

A situação que vemos da proposta de curadoria de Adriano Pedrosa, é um problema claro e evidente de uma necessidade das Instituições no Brasil, (seja do evento de nome Panorama da Arte Brasileira, seja do MAM-SP, seja da Fundação Bienal de SP, do MUBE, do MAM-RIO, do MASC, do MAC-PR, entre qualquer outro), de rever ações e operacionalizar de um modo coerente as demandas dos artistas e do público para a nova década que surge.
E nesse sentido, quando há uma brecha como esta da edição do Panorama da Arte Brasileira (de Europeus, como já citado) de 2009 ser realizado, perde-se uma oportunidade rica de investigar a produção artística do Brasil, sobre óticas e iniciativas ainda a serem desenvolvidas em suas diferentes re-adaptações e formatos (conceituais e administrativa).
O problema de mexer com essas iniciativas, é o grau de visibilidade que está contido nelas, pois essa “febre de status” (de artistas e curadores), muitas vezes desvia o contexto de se pensar a produção de arte brasileira.

Nesse sentido, falando neste contexto de DES-PANORAMAS, uma das (infinitas) questões Institucionais seria: como atuar sobre essas “plataformas de visibilidade” expandindo o formato e conceito de entre alguns Salões, Editais, Programas de Exposições, Panoramas e ou Bienais etc, etc, etc, etc, etc etc, etc (7vezes) ???

Curadoria e Mercado sem falácia

Publicado no site esferapublica, este texto levanta um questionamento interessante sobre a relação do curador com o mercado de arte. A autora incita os colegas curadores para que hajam de modo verdadeiro e ético, no sentido de assumirem de fato sua real relação com a inserção de um artista no circuito comercial. Somente assim, acredita, o curador poderá ter uma ação saudável com essa instância mercadológica. Estou de acordo.

Segue trecho do original em espanhol.

¿Por qué los curadores insisten en que su trabajo se realiza al margen del mercado? ¿Por qué insisten en aparentar una especie de pureza frente a movimiento económico del arte? Sobre todo cuando todos sabemos que no es así y menos en un mundo en el que todas las actividades están contaminadas por lo económico y lo comercial, o es que pervive una idea romántica y nostálgica del intelectual separado del mundanal ruido y las necesidades mundanas. Marcela Römer ataca un tema que parece tabú y exige la valentía de asumirlo en positivo.

“Curaduría y mercadeo es un tema actual, interesante y cuestionador. Estimados colegas: no se queden en el discurso romántico, porque ese lugar es fácil. Elaboren paradigmas de contemporaneidad para realmente “construir” discurso crítico. Uno de los objetivos éticos de un curador es ese, y justamente ese es uno de los que sí puede lidiar con el mercado.”

(segue…)

SÃO PAULO MON AMOUR convida

Prezado Público,

Levando em consideração que “a cidade favorece a arte, é a própria arte” (Lewis Munford), os artistas Ricardo Farias e Wagner Lucas construirão uma obra, dentro do gênero da performance e da vídeo-arte, que pretende discutir o lugar da arte hoje, ironicamente realizarão um deslocamento, movendo o público para um contexto onde se permitam
gozar da experiência com a cidade e não apenas com a obra em questão.

O evento que organizam se passará no Elevado Costa e Silva e nas dependências do edifício Estádio, especialmente na empena cega que dá face para a Avenida Pacaembu. Entre os elementos que compõem a obra,figura uma vernissagem, nos moldes de uma galeria, que ocorrerá ao mesmo tempo em que realizarão a performance na fachada em questão.

Assim sendo, convidamos a todos para um café da manhã que se passará a partir das 5h00 da madrugada, no dia 21 de abril de 2009, terça-feira,no elevado Costa e Silva logo acima do cruzamento com a Avenida Pacaembu, para partilharem conosco bons momentos ao raiar do dia e presenciarem a criação destes artistas.

A obra tem por destino a apresentação na exposição exposição intitulada “SÃO PAULO MON AMOUR”, que terá lugar em Paris no decorrerdo mês de Setembro de 2009 na “Maison des Métallos”, um importante estabelecimento cultural da cidade.

Cordialmente,

Sérgio Franco
Curador da Exposição São Paulo Mon Amour

site do evento: http://www.engodo.fr

Perguntas ao corpo hiperestimulado

Acaba de ser publicado no Idança.net.  Acesse o site para ler na íntegra.
Perguntas ao corpo hiperestimulado
por Flavia Meireles · 16/04/2009

Uma mulher se vê num espelho posicionado na prateleira do supermercado e começa um alongamento dos braços. A câmera mostra em seguida todos os consumidores do supermercado exercitando seus corpos numa ginástica grosseira. Do lado de fora do supermercado, vê-se uma pequena aglomeração de pessoas também exercitando seus corpos grosseira e individualmente e um casal se beija ao fundo do plano. Em certo momento, toca um telefone celular seguido de outros tantos que tocam e toda a cena imediatamente se interrompe, cedendo a esse apelo sonoro irresistível. As pessoas procuram e atendem seus celulares desligando-se daquele espaço através do pequeno dispositivo que as coloca, em tempo real, em conexão com outro lugar. Ouve-se uma música sacra que abafa a conversa dos celulares e que nos sinaliza, não sem ironia, a total reverência que submetemos a esse dispositivo.

É com esta “brincadeira” feita pelo cineasta Marcelo Masagão no filme 1,99 o supermercado que vende palavras que gostaria de abrir este artigo, que se quer mais um estranhamento do que uma clareza, acerca de algumas questões que o corpo, que chamarei de corpo hiperestimulado, experimenta na contemporaneidade.

(segue…)